Casos de bullying em escolas preocupam pais e educadores


As mudanças de comportamento de *Renata, de 13 anos, vieram sutilmente. Considerada boa aluna, a adolescente começou a apresentar queda significativa no rendimento escolar. Depois disso, vieram as constantes tentativas de não ir às aulas, sempre alegando dores de cabeça, de barriga ou febres imaginárias.
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Mas a mãe da menina só desconfiou que alguma coisa realmente ia mal na escola quando Renata teve uma crise de choro e pediu para sair do colégio. O motivo? A constante implicância de alguns colegas, que colocavam apelidos, faziam brincadeiras maldosas e até mesmo ameaçavam fisicamente a aluna, características conhecidas, hoje, como bullying.
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"No início achei que o motivo das notas baixas era o namoradinho que ela arrumou aqui no condomínio", afirma *Marise, mãe de Renata, que pediu para que a verdadeira identidade de ambas não fosse revelada. "Mas quando ela começou a não querer frequentar as aulas, percebi que o problema era na escola. Cheguei a conversar com os professores, que disseram que não havia nada de errado com ela. Somente quando minha filha teve uma crise de choro e me contou o que estava acontecendo é que resolvi tirá-la do colégio e procurei um psicólogo. Infelizmente, a escola não estava preparada para ajudar minha filha".
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Infelizmente, segundo especialistas, o que aconteceu com Renata é mais comum do que se imagina. O fenômeno conhecido como bullying, palavra inglesa utilizada para denominar ações de violência - física ou psicológica - de um indivíduo ou grupo de indivíduos e que tem como objetivo humilhar outra pessoa. De acordo com o psicólogo José Antonio Martins, a ocorrência de bullying nas escolas públicas e privadas sempre aconteceu, mas só vem ganhando notoriedade de alguns anos para cá, muito por conta de uma intensa campanha, principalmente através da mídia, alertando para os perigos de tais atitudes violentas.
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"O bullying pode se manifestar de diversas maneiras, por isso é tão difícil detectar. Apelidos maldosos que ressaltam alguma imperfeição da vítima, exclusão do grupo, xingamentos, ameaças veladas e até mesmo agressões físicas são as principais características. Mas como separar um apelido jocoso de um comportamento que evidencie o bullying? Cabe à escola e à família trabalharem em conjunto para evitarem situações extremas", ressalta Martins.
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Pesquisa realizada pela Organização Não Governamental Plan Brasil em 2010, com 5.168 alunos de todo o país revelou que quanto mais frequentes os atos repetitivos de maus tratos contra um determinado aluno, mais tempo dura essa violência. A constatação demonstra que a repetição das ações de bullying fortalece os agressores e reduz as possibilidades de defesa das vítimas. Este resultado indica ser essencial uma rápida identificação destas ações e imediata reação para conter este tipo de atitude.
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Ainda segundo a pesquisa, o bullying é mais comum nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, e a incidência maior está entre adolescentes na faixa de 11 a 15 anos de idade, que frequentam a sexta série do ensino fundamental. Os agressores geralmente cometem os maus tratos para obter popularidade entre os colegas, para serem aceitos ou simplesmente se sentirem poderosos. No caso das vítimas, estas costumam apresentar algum traço característico marcante (obesidade, baixa estatura), algum tipo de necessidade especial ou o uso de roupas consideradas diferentes pela maioria dos colegas.
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"Os jovens tímidos, com dificuldades para se expressar, são alvos em potencial. Os primeiros sinais apresentados geralmente são a queda no rendimento escolar e o medo de frequentar a escola", explica José Antonio. "O problema é que a maioria das escolas não está preparada para reconhecer essa prática, já que a linha que separa o bullying da brincadeira é muito subjetiva".
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Para auxiliar pais e educadores a reconhecerem - e evitarem - o bullying, a Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência (Abrapia) desenvolveu um Programa de Redução do Comportamento Agressivo entre Estudantes, com diversos conselhos, entre eles o de estimular os estudantes a fazerem pesquisas sobre o tema, fazer com que os estudantes criem regras de disciplina que evitem a prática de bullying, além de interferir, quando necessário, em grupos de alunos que apresentem características de estarem cometendo maus tratos.
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A pedagoga Aline Feijó faz questão de ressaltar que os estudantes que praticam o bullying também precisam de cuidados especiais, já que muitas vezes esse comportamento é fruto de problemas mais profundos, como desequilíbrio emocional e desajustes familiares. A cooperação da família, nestes casos, é fundamental para que agressores e vítimas não façam mais parte deste quadro de violência.
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Fonte: Portal Terra
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