De olho na Gramática

Por - dezembro 15, 2009

As Vírgulas
Dicas para a Utilização da Vírgula

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Equivocadamente, alguns afirmam que a vírgula deve ser aplicada de acordo com a capacidade respiratória de cada indivíduo. Se houvesse aceitação para tal conceito, o sedentarismo e a prática de exercícios físicos seriam pontos divergentes para leitura de produções textuais gráficas.
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Note que a referência está em produções textuais gráficas, ou seja, em critérios sintáticos (aplicados à escrita) e não a critérios prosódicos (regidos pela fala oral), pois é aqui que habita as dificuldades na língua escrita, pois há uma acentuada tendência em transferir para textos escritos, características exclusivas da fala oral.
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Observe algumas situações em que a vírgula não é utilizada:
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Não separe sujeito de predicados (verbo e objetos), pois o sujeito é alguma coisa ou alguém que estamos referindo, e predicado é aquilo que estamos falando sobre o sujeito.
Veja essa frase de Fernando Pessoa:
"A cara (sujeito) está um feixe de sangue e de nada". (Predicado composto de verbo e objeto indireto)

Não separe o adjunto adnominal (expressão que acompanha um nome) dos complementos que vem junto a um determinado nome em forma de substantivo (concreto ou abstrato), seguido de artigo, adjetivo, pronome, numeral ou locução adjetiva.
Observe isso nessas palavras de Ferreira Gullar:
"O branco açúcar (Substantivo concreto) que adoçará meu café nessa manhã de Ipanema..." (Adjunto adnominal).
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Essa regra é semelhante para o complemento nominal, ou seja, para a expressão que completa o sentido apenas de substantivos abstratos, recebendo a ação praticada por ele, ao passo que o adjunto adnominal completa o sentido de nomes concretos e abstratos e, diferentemente do complemento, pratica a ação que o substantivo lhe impõe.
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Observe agora, casos em que a vírgula é perfeitamente utilizada:
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A vírgula é utilizada, entre outras funcionalidades, para isolar o aposto e o vocativo.
Note essa ocorrência, sucessivamente, nas frases de Machado de Assis e de Vinicius de Moraes:
"Noite, melhor que o dia, quem não te ama?" (Aposto).
"Minha mãe, manda comprar um quilo de papel almaço na venda..." (Vocativo).
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Também a utilizamos em orações coordenadas assindéticas, ou seja, orações que por não possuírem conjunções, são devidamente interligadas por vírgulas, o que de nenhuma forma compromete seu sentido.
Veja essas belas palavras de Érico Veríssimo:
"A pessoa errada te faz perder a cabeça, perder a hora, morrer de amor..."
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O mais comum na utilização da vírgula é em orações coordenadas. Veja essas palavras de Charles Chaplin:
"Você vai pro colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando..."
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Resumidamente, afirmamos que a vírgula é utilizada para separar conjunções, como: mas, porém, todavia, não obstante, entretanto, senão, em todo caso, logo, portanto, pois, etc.
Lembre-se que a conjunção aditiva“e” algumas vezes substitui a vírgula, como no exemplo a seguir:
"Eu falo das casas e dos homens, dos vivos e dos mortos". (Adolfo Casais Monteiro).
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Contudo, há situações em que a conjunção “e” (assim como as demais conjunções) é usada antes ou depois da vírgula. Isso ocorre, principalmente, quando:
• Há mudança de sujeito
"As mãos, sobretudo, não podem se apressar, e os olhos têm que aprender e, com a ponta dos dedos, contemplar os acordes..." (Affonso Romano de Sant`anna).
• Não há sentido de adição
"Se os olhares se cruzarem e, neste momento, houver o mesmo brilho intenso entre eles". (Carlos Drummond de Andrade).
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